20.5.17

Precisamos falar sobre literatura negra e feminina

Grandes autoras têm pouco reconhecimento dentro de um mercado elitista

Foto: Divulgação

Quantos livros você leu nos últimos 6 meses? Se você leu, quantos eram de escritores ou escritoras negros e negras do nosso país? Se a resposta for “nenhum” nós temos um problema.
Segundo a pesquisa Retratos da Literatura no Brasil, publicada em 2016, 44% da população brasileira ainda não tem hábito de leitura e 30% jamais sequer comprou um livro. Entre os escritores preferidos do brasileiro, a pesquisa ressalta nomes como os de Maurício de Souza, Augusto Cury, Cecília Meireles, John Green, Paulo Coelho, Monteiro Lobato, entre vários outros com a mesma característica, brancos e em sua maioria, elitizados.

A priori, podemos pensar que talvez não exista literatura ou personalidades afro ativas no nosso país, mas o que de fato não existe, é mercado. A poetisa Elizandra Souza, autora do livro “Águas da Cabaça” enfatizou as dificuldades enfrentadas pelas escritoras negras no Brasil: “Ser escritora negra é ser invisível, ser esquecida e não reconhecida pelo valor literário. Hoje é possível fazer literatura negra e feminina, mas enfrentando os obstáculos do machismo, do racismo, do sexismo e a questão econômica”.

De Carolina Maria de Jesus à Conceição Evaristo

Considerada a percussora da literatura negra feminina no Brasil, Carolina Maria de Jesus escreveu “O quarto de despejo: Diário de uma favelada” em 1960. O best seller atingiu 60 mil exemplares vendidos, foi traduzido para mais de 13 idiomas e ainda assim, pouco se ouve falar da autora mineira.

Conceição Evaristo, é escritora negra de projeção internacional. Mestre em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do RJ e doutora em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense, a também autora mineira publicou seu primeiro poema em 1990 e desde então, publicou além de uma coletânea de poemas, dois romances. Entretanto, é muito provável que você nunca tenha ouvido falar o seu nome.

Se fizermos um pequeno tour nas melhores livrarias do país, dificilmente encontraremos obras tanto de Carolina quanto de Conceição. Reconhecer o quanto o racismo aliado ao machismo é estrutural e remar contra essa correnteza, é um passo que precisa ser dado para o desenvolvimento do nosso país como sociedade, como completa Elizandra: “Nosso país é uma desigual e é baseado na diferenciação de pessoas. Todos nós estamos adoecidos, os racistas e os que sofrem as consequências do racismo”.




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