1.8.17

O Simbolo da justiça seletiva



O ano era 2013. O país tomado por manifestações motivadas pelo aumento de 20 centavos nas tarifas de transporte público. Centenas de milhares de pessoas saíram de suas casas e foram às ruas das principais cidades brasileiras em busca de “um país melhor”. Entre um e outros motivos, talvez você não conheça a parte mais incrível dessa história, então eis um breve resumo:

Curiosamente, apenas uma pessoa presente nas manifestações foi condenada pela justiça brasileira, Rafael Braga Vieira. Ao contrário da maioria ali presente, não saiu de casa para lutar pelos seus direitos, era morador de rua e catador de lata. E de maneira alguma surpreendente, era negro.

Preso por portar desinfetante Pinho Sol e água sanitária, Rafael cumpria sua pena em regime aberto após muitos entraves na justiça quando em janeiro de 2016 foi novamente preso sob alegação de tráfico de drogas. “0,6 grama de maconha, 9,3 gramas de cocaína e um rojão” foram lhe atribuídos segundo os policias. Em sentença publicada já neste ano, Rafael Braga foi (e assim está) condenado a onze anos e três meses de prisão.

(...)

Nesta terça feira (01\08), o ex morador de sua terá seu pedido de habeas corpus julgado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O caso gera mais indignação, quando há alguns dias, Breno Fernando Solon Borges, filho da presidente do Tribunal Regional Eleitoral do MS, Tania Garcia Borges, flagrado com 129 quilos de maconha e cerca de 200 munições, pediu a suspensão do seu processo alegando insanidade mental e foi autorizado trocar sua pena por tratamento em clínica médica.

Se olharmos pelo ponto de vista do senso comum, talvez este caso seja apenas mais um entre tantos outros que ocorrem diariamente no nosso país. Se olharmos do ponto de vista midiático, Rafael talvez não mereça protagonizar dois minutos de matéria no Jornal Nacional. Mas se olharmos do ponto de vista arbitrário, vamos chegar num consenso: O encarceramento em massa de jovens negros e pobres no nosso país.

A diferença entre o ex morador de rua, negro e pobre e o branco elitizado, vai além de “supostas 9 gramas X quase 130 quilos”, ela está presente e sendo reproduzida dia após dia nas escolas, nas ruas, no mercado de trabalho e precisa ser combatida. Rafael Braga simboliza a segregação racial e o racismo institucional no Brasil.

A criminalização do jovem periférico acontece há anos e mais anos e lutar pela liberdade de Rafael é sim, um passo importante na luta contra o racismo diário que atinge cada canto de um país onde a justiça tem cor e conta bancária.

#LibertemRafaelBraga

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