Kaepernick à direita, em gesto de protesto Imagem: Otto Greule Jr/Getty |
Assim como Tommie Smith e John Carlos que
baixaram suas cabeças e ergueram o braço com punho serrado nas Olimpíadas do
México em 1968 e logo depois foram condenados ao ostracismo, jamais voltando a
disputar uma edição dos Jogos. Quase 50 anos depois, Colin Rand Kaepernick paga
um preço semelhante aos velocistas americanos, após protestar pela mesma causa,
o racismo.
“Não vou me levantar para mostrar orgulho
por uma bandeira de um país que oprime pessoas negras. Para mim, isso é maior
do que o futebol americano e seria egoísta da minha parte fingir que não estou
vendo”. Essas foram as palavras proferidas por Kaepernick em 26 de agosto de
2016 num jogo de pré-temporada, onde o ex QB dos 49ers recusou-se a ficar de pé
durante a execução do hino nacional americano.
Imediatamente, ouviu-se vaias de boa parte
do estádio e uma enxurrada de críticas no Twitter, e assim, o jogador que havia
levado sua equipe ao Super Bowl três temporadas antes, se tornou a figura mais
centralizadora na NFL em 2016. Coincidentemente, o nível de jogo de Kaepernick
caiu na mesma medida em que seus protestos aumentaram e ao fim de 2016, o
quarterback encerrou seu contrato em comum acordo com os 49ers, desde então, a
discussão extrapolou as linhas do campo e hoje o atleta está sem equipe.
Embora muitos liguem a atual situação de
desemprego do atleta apenas ao seu baixo nível técnico apresentado nas últimas
temporadas, o argumento não se sustenta na medida em que quarterbacks muito
piores se mantém como titulares, ou reservas em diversos times da Liga e não há
outro termo a se usar, se não o “boicote”.
Ataque
X Contra-Ataque
A discussão se acalorou após uma
declaração no mínimo infeliz do presidente norte-americano Donald Trump, quando
em um comício no Alabama, o mesmo se dirigiu aos atletas que aderiram o
protesto (em especial, Colin) como “filhos da p***” e que todos deveriam ser
demitidos da liga.
Após o dito de Trump, diversos jogadores e
dirigentes (que inclusive o apoiaram em sua campanha presidencial), como Jerry
Jones, dono do Dallas Cowboys, ajoelharam-se de braços dados durante a execução
do hino nacional.
Jordan Phillips, dos Dolphins, usa camiseta em apoio a Kaepernick antes de jogo em setembro de 2017 Imagem: Rich Schulltz/AFP |
É inegável que a situação de Kap extrapola o campo e se mantém num caminho estreito entre o preconceito e a intolerância. Os Estados Unidos presenciaram recentemente, uma passeata em prol da supremacia branca em Charlottesville, artistas e atletas, como Brandon Marshall do Broncos, perdem patrocínio ao manifestar apoio às causas raciais. A retaliação é escancarada.
A “campanha ofensiva” contra o racismo
embora sofra alguns sacks e perca algumas jardas de vez em quando, avança e
ganha jardas na medida em que não só jogadores da NFL, mas também de outros
esportes americanos de grande visibilidade, se manifestam e mantém a discussão,
ou “a campanha” viva a cada first down.
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