A falta de reconhecimento do negro no meio acadêmico ainda é um dilema no país
É do conhecimento de todo
e qualquer brasileiro que os negros são maioria da nossa população, afinal de
contas, por mais que tentem diminuir nosso passado e cultura, a cor das pessoas
continuará visível. Pensando nisso, reflita sobre o número de professores ou
autores negros que influenciaram ou influenciam diretamente a sua formação
acadêmica, do ensino médio ao superior. Dificilmente esse número será grande.
Há necessidade do
reconhecimento institucional de escritores negros. Nosso cenário acadêmico e
literário é formado por brancos e negros que não são vistos como tal – como
Machado de Assis – o que influenciou e permanece influenciando diretamente no
“embranquecimento” no Brasil.
Maria Ferreira, fundadora
do blog “Impressões de Maria” que hoje trata exatamente da questão racial
dentro da literatura brasileira ressalta o quão prejudicial é a falta desse
reconhecimento para o jovem: “A minha vida escolar toda, estudei a História do
ponto de vista de homens brancos. Isso cria uma certa crise de identidade nos
negros, parece que nosso lugar é somente no período da escravidão”.
Dentro de universidades,
também somos ensinados da mesma maneira e sabe-se que não é por falta de
autores e criadores de conteúdo negros, mas sim por culpa de um sistema que
nega essa representatividade.
A professora de
Sustentabilidade, Cláudia Santos, ressalta que a falta de referencial a serviu
como um estimulo: “Ser a única negra na sala na minha formação, não ter nenhum
professor negro, foi um dos fatores que me estimulou a ser professora, para que
alunos negros me vissem como representante, referência”.
Sabemos que o estereótipo
sobre o negro ainda é muito forte e presente na nossa sociedade. A imagem do
trabalho braçal e esforço mais físico do que intelectual permuta em todas as
classes sociais, principalmente dentro no nosso país.
Ignorar o papel
intelectual do negro é reforçar o papel da educação como mecanismo de
hierarquia e segregação social. Numa era onde somos bombardeados de informações
e temos inúmeras ferramentas de pesquisas, é preciso se conscientizar de que o
negro vai muito além de seu papel histórico como escravo e ele está presente
sim, nos campos acadêmicos e literários, e se isso não chega até você, você tem
obrigação de ir busca-lo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário