Estudo não muda caráter e o que dignifica o homem está longe de ser o trabalho
João
Imagem: Mercado Livre
João têm 23 anos. É branco,
hétero, nascido e criado no sul/sudeste, sempre morou em condomínio e estudou a
vida toda em colégio particular. Passou meses no cursinho e enfim, poder dizer que hoje estuda numa universidade federal.
João acredita que o
feminismo é bobagem e jamais se casaria com uma mulher que luta por seus
direitos (como se a mesma fosse o querer). João acha que racismo é mimimi e
cotas são um absurdo, porque todos somos iguais e temos as mesmas oportunidades
de vida. João, não tem nada contra LGBTs, só não aceitaria que seu filho
fizesse parte desse grupo e por uma pequena incapacidade de diferenciar
sexualidade de sexismo, não quer que seu filho tenha contato com isso na
escola.
João quer reduzir a maioridade
penal e diz que bandido bom é bandido morto! Porque mesmo sem JAMAIS ter pisado
numa favela, acha que o pretinho de 15 anos pega em arma porque é safado e
merece cadeia. Em tempo, João ignora suas contradições e se diz contra o aborto, porque é
a favor da vida e porque não temos o direito de tirar a vida de alguém.
João por vezes acha que
ditadura não foi nada disso que aprendemos durante o período escolar, que a
escravidão partiu dos próprios africanos, que o nazismo alemão era de esquerda, o holocausto é uma farsa e adora compartilhar fake news.
João não é bobo. É estudado, tem seu
trabalho, sua família, mas passa o dia inteiro defendendo seu candidato na
internet, criando teorias da conspiração contra “a esquerda e o PT” e trocando
ofensa com os amiguinhos que o contrariam.
João está desesperado por um
país melhor e sem pestanejar votará 17 nas eleições. Mas longe de mim querer
julgar voto alheio, se eu tivesse um candidato que refletisse meus preconceitos
por vezes enrustidos, com certeza seguiria essa mesma linha de raciocínio.
A questão que assola o nosso querido João está em não assumir que seu voto não tem nada a ver com política, projetos ou afins. Seu voto é social. Seu voto não é um grito de desavago ou desespero, é um grito de intolerância.
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