30.11.19

Clareza na ideia, pureza no coração

Imagem: Jeferson Delgado - @jef.delgado

Foi uma noite de redenção. Daquelas que daqui alguns bons anos vou contar com os olhos cheios d´água para meus netos. Com certeza em seus 108 anos de história o Theatro Municipal de São Paulo jamais viu, ouviu ou sentiu algo tão forte e transcendental como o que aconteceu no já histórico 27 de novembro de 2019.

AmarElo é um turbilhão de emoções por si só. É a oração que ilumina seu dia quando se escuta pela amanhã. É um afago que traz paz de espírito e aquieta a alma quando se escuta no silêncio da madrugada.

E mesmo com duas sessões esgotadas em menos de 20 minutos, uma transmissão num telão ao lado de fora do Theatro anunciada horas antes, diversas participações confirmadas e toda energia do álbum lançado quase um mês antes, o Emicida conseguiu superar todas as expectativas - que já eram bem altas - e superou com sobras.

Em cima do palco, via-se um artista em seu estado mais puro, uma banda perfeitamente alinhada e espíritos cheios de luz em cada participação. Na platéia, sorriso no rosto, olhos marejados e almas devidamente libertas.

Aliás, não só as nossas. Como o próprio disse, ocupar aquele espaço significava a anistia do espírito de quem veio antes de nós e a cada música, foi de fato impossível não se lembrar deles e do quanto estar ali também tinha um significado enorme.

Talvez pela primeira vez em pouco mais de 11 anos de carreira, quem tenha falado foi o Leandro, não suas, ou melhor, nossas cicatrizes. Escrevendo como quem manda cartas de amor, esbanjando elegância em ritmo e poesia, Emicida construiu uma obra-prima, em todos os sentidos.

Em tempos onde o racismo, a violência e a intolerância têm reinado, AmarElo nos mostra outro caminho. Já que da mesma maneira que não se mede coragem em tempos de paz, nem sempre o ódio será resposta em tempos de guerra.

Obrigado, Leandro. Eu com certeza te vejo no pódio!

"Viver dói, mas acho um privilégio estar vivo. Por isso sou grato".
                                                                                         Sérgio Vaz

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